Sexta-feira, 08 de Maio de 2020 - 15h31

Presidente do CNE defende política institucional com foco em qualidade para as IES

Luiz Roberto Liza Curi enumerou alguns aspectos que levaram o ensino superior à atual crise

“Perigos e Promessas: As políticas institucionais no centro da política pública” foi o tema do último webinar da série “Como será a educação superior pós Covid-19?”, realizado nessa sexta-feira (8) pelo Consórcio STHEM Brasil, em parceria com o Semesp, que contou com a participação de Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Luiz Curi enumerou alguns aspectos que levaram o ensino superior à atual crise que se encontra e à disrupção entre o ensino presencial e a distância desde o início da pandemia. “O momento é de ampliar a nossa reflexão acerca da educação superior, com uma visão crítica das políticas públicas e do protagonismo das instituições frente às políticas institucionais e à ação dos agentes públicos como o CNE, por exemplo, que é um órgão de estado que discute de uma forma mais ampla as políticas públicas da educação e da educação superior em particular. A educação superior é uma política pública que convive com outras políticas públicas e ela perpassa por diversas arenas de relevância, mas especialmente de uma arena provedora de direitos que abrem possibilidades para outras arenas diferentes dos setores econômico e social do país”, alertou.

Em seguida, Curi enumerou alguns aspectos significativos para a educação superior não estar conseguindo atingir as metas do Plano Nacional da Educação (PNE), que é inserir 33% de jovens de 18 a 24 anos no ensino superior até 2024. O primeiro aspecto levantado foi em relação a baixa porcentagem de ingressantes no ensino superior. “Hoje não conseguimos garantir que as matrículas desses jovens alcancem a efetividade social para os egressos do ensino médio, porque de cada 100 alunos de Matemática, apenas nove aprendem e, de Língua Portuguesa, de cada 100, somente 24 aprendem. Esses jovens saem com deficiências de aprendizado e esperam ser acolhidos no ensino superior”, explicou.

Segundo o sociólogo e economista, os números mostram ainda diferenças regionais gritantes na inserção desses jovens no ensino superior e concentração de matrículas na região Sudeste do país. “O processo de expansão das instituições tem travas nas regiões Norte e Centro-Oeste e concentração de matrículas no Sudeste, e não vemos sinais de recuperação pós-pandemia. Das 13 mil vagas ofertadas em 2018, segundo dados divulgados pelo último Censo da Educação, apenas 25% foram preenchidas e a grande concentração está nos cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas, ou seja Direito, Administração, Pedagogia e Contabilidade. Em outras áreas fundamentais, como Saúde, Matemática, Engenharias, há deficiências nos processos avaliativos, maior evasão e falta de estímulos para esses jovens. Daí a importância de se criar políticas públicas tanto para o ensino público quanto para o privado para estimular esses ingressantes a seguirem carreiras em áreas mais estratégicas”, disse Curi.

O ex-presidente do INEP também fez um alerta em relação à evasão. “A evasão do ensino superior é muito alta, 47% nas IES públicas federais, 41% nas estaduais e 60% nas privadas e, no ensino a distância, a porcentagem sobe para 62%, mesmo em períodos em que os estudantes tinham financiamento pelo Fies e ProUni. Essa realidade nos mostra que as instituições precisam criar uma política institucional com foco em qualidade do aprendizado e empregabilidade”, orientou Curi.

Outro aspecto levantado por Curi foi em relação aos currículos, tanto dos cursos presenciais quanto a distância. “Todas as dificuldades de hoje na adaptação do EAD ao presencial é que desde o começo havia deficiência nas políticas educacionais que segmentaram as duas formas de ensino. No EAD tinha ainda a questão da capacitação dos professores, que precisava ser diferenciada para o domínio das tecnologias. Pós-pandemia a visão das instituições de ensino mudou totalmente. Hoje é preciso fazer uma adequação curricular,  tanto para o ensino presencial como para o EAD, porque há uma preocupação social, com a saúde das pessoas e o ensino a distância facilita o acesso de todos. Também para os jovens que estudam no período noturno a política educacional tem de ser voltada para uma aprendizagem mais flexível”.

Para Curi a solução para a criação de políticas públicas, após o longo período de pandemia de todas as instituições que almejam alcançar o nível 4.0 de evolução e inovação, é “formular uma política educacional competente, ampliar o padrão das diretrizes curriculares nos cursos presenciais e a distância, dar maior flexibilidade aos alunos e melhorar a avaliação e a cooperação entre o público e o privado”.

Mais informações para a imprensa:

Ana Purchio – cel. (11) 99978-9787 Convergência Comunicação Estratégica
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