As cinco fases do cérebro humano, da gestação à terceira idade
Revista Mente&Cérebro revela como tirar o máximo proveito de cada fase do desenvolvimento cerebral e criar condições para uma vida mais saudável
Veículo: Saúde e Lazer
Data de publicação: 18.06.2009
No decorrer da vida, o cérebro passa por mudanças significativas durante a gestação, a infância, a adolescência, a vida adulta e a terceira idade. Essas fases apresentam características e condições específicas – e também requerem cuidados. Recentes descobertas da neurociência reveladas na edição de junho da revista Mente&Cérebro, já nas bancas, indicam como tirar proveito de cada um desses momentos, criando as condições ideais para atingir a próxima etapa.
Publicada originalmente pela revista britânica New Scientist, a reportagem confirma que uma gestação tranqüila e saudável, longe do cigarro, do álcool e do estresse, é o primeiro passo para uma boa formação cerebral. Nutrientes como o ácido fólico, por exemplo, são cruciais para o fechamento do tubo neural. Já a nicotina pode prejudicar o feto antes mesmo de atravessar a placenta, pois restringe a circulação sangüínea da criança. O toque, os sons e outras experiências influenciam a memória e linguagem, que começam a se desenvolver no útero.
Na infância, a formação e a quebra de conexões do cérebro se dá com uma velocidade surpreendente. Nessa fase delicada e fértil, carinho, cuidado, segurança e brincadeiras são essenciais para ampliar o potencial neurológico infantil, estimulando a inteligência, a curiosidade e o interesse pelo mundo. Assim como acontece na vida intrauterina, vivências ruins na infância podem alterar a anatomia e a dinâmica neural, contribuindo para o desencadeamento de transtornos como depressão e ansiedade no futuro.
Segundo estudo recente do Instituto Nacional de Saúde Mental (Maryland, EUA) citado na reportagem, nem só os hormônios explicam a instabilidade característica da adolescência. Nesse momento, o crescimento do cérebro já está completo, porém as conexões ainda estão em formação – é quando um processo de “poda” neural elimina conexões sem uso. “Nessa fase, a questão das drogas é particularmente preocupante, pois o cérebro está mais propenso à dependência”, diz Anna Gosline, uma das autoras da reportagem.
Na idade adulta o cérebro atinge seu ápice, mas é aí também que se inicia seu declínio. A perda de neurônios, que vai se acentuando ao longo dos anos, prejudica a memória e a velocidade de processamento de informações. Porém, é na vida adulta que começa a se desenvolver a chamada “inteligência cristalizada”. Adotar uma boa alimentação, manter corpo e mente ativos e evitar cigarro, álcool e outras drogas pode diminuir a velocidade de declínio cerebral e estimular a renovação das células cerebrais, melhorando funções como a memória e o controle motor. Estudos também indicam que pessoas menos tensas têm menos chances de desenvolver demência na velhice.
Mente&Cérebro também apresenta uma reportagem especial sobre as histórias orais e escritas – fábulas, parábolas, novelas, anedotas, lendas e mais uma infinidade de formas narrativas – que ao longo dos séculos têm ajudado adultos e crianças a elaborar sentimentos, criar identidades e lidar com afetos. “Somos todos contadores de histórias de nós mesmos, de nossas próprias lendas. Narramos não só por meio de palavras, mas também de gestos, atitudes, pensamentos. A contação de histórias é um prazer universal, presente nas mais diferentes culturas, que nos aproxima e nos lembra que somos mais parecidos uns com os outros do que às vezes gostaríamos de admitir”, comenta Gláucia Leal, editora de Mente&Cérebro.
O dossiê apresenta, ainda, outros dois textos. Um dos psicanalistas Mário Corso e Diana Lichtenstein Corso, autores de Fadas no Divã, sobre o papel fundamental das histórias para o desenvolvimento infantil e a compreensão do mundo. O outro artigo, escrito pelo jornalista científico Jeremy Shu, revela como o cérebro reage quando ouvimos uma história. O hábito de narrá-las e gosto por acompanhá-las, considerados universais, têm bases neurológicas tão arraigadas que cientistas acreditam que estejam vinculadas a áreas básicas ligadas à percepção e à cognição.
A edição também traz um perfil do psiquiatra e psicanalista argentino Juan Davi Nasio. Radicado na França desde 1969, conviveu com Jacques Lacan e traduziu sua obra para o espanhol. Outro destaque é o artigo de Renata Udler Cromberg sobre a vida e a obra da psicanalista russa Sabina Spielrein, contemporânea de Jung e Freud. Ainda na edição de junho, um artigo assinado por Moacyr Scliar leva o leitor a um passeio pela a casa onde Freud viveu, em Londres, hoje transformada em museu. Todas os textos apresentam fotos, gráficos ilustrativos e boxes com os conceitos-chave abordados, além de sugestões de livros, artigos e outras referências para o leitor que deseja se aprofundar nos assuntos tratados. Com 82 páginas, a edição de junho de Mente&Cérebro tem circulação nacional em bancas de revistas e livrarias, e está à venda também pelo site www.menteecerebro.com.br, ao preço de R$ 11,90 o exemplar.
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