Segunda-feira, 13 de Junho de 2016 - 10h35

Neurologista defende uso da vitamina D contra epidemia de Zika

“Substância pode prevenir ou minimizar as chamadas doenças autoimunes, como a microcefalia em recém-nascidos”, afirma Dr. Cícero Coimbra

“A correção da deficiência de vitamina D com a utilização de doses diárias adequadas é uma solução viável, fácil e potencialmente barata para o eficiente combate às epidemias recorrentes de Zika, Dengue e Chikungunya, além de prevenir ou minimizar a intensidade de manifestações autoimunes graves, como a síndrome de Guillain-Barré e o problema da microcefalia em recém-nascidos”, garante o Dr. Cícero Coimbra, PHD em Medicina Interna e Neurologia, que vai apresentar um trabalho sobre o assunto no ICAD Brazil 2016 – Congresso de Dermatologia Estética e Envelhecimento Saudável. O evento acontece em São Paulo, no Centro de Exposições Frei Caneca, entre os dias 16 e 18 de junho.

O neurologista afirma que a vitamina D (colecalciferol) é na realidade um pó-hormônio esteroide, e não uma vitamina. Em outras palavras, trata-se de uma substância essencialmente formada na pele através da exposição direta ao sol. Desde que a pele não esteja coberta por filtro solar, vários milhares de unidades de "vitamina" D são formadas em poucos minutos de exposição dos braços e pernas ao sol. “A quantidade presente na alimentação diária é irrisória, de tal forma que quem não se expõe regularmente ao sol é necessariamente deficiente em vitamina D. A insuficiência ou deficiência de vitamina D afeta cerca de 9 a cada 10 indivíduos que vivem no ambiente urbano, constituindo-se atualmente na condição médica mais prevalente no mundo”, diz o Dr. Cícero Coimbra.

Segundo o especialista, que é chefe do Laboratório de Neuropatologia e Neuroproteção e professor associado livre docente de Neurologia e Neurociência na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), atualmente a vitamina D é reconhecida como uma substância dotada de múltiplas e fundamentais funções no organismo humano e dos animais. Entre essas funções encontram-se as relacionadas à regulação e potencialização do sistema imunológico.

“Não tenho receio algum de afirmar de forma categórica que, sem prejuízo da necessidade urgente de combaterem-se os criadouros de larvas do mosquito Aedes aegypti, as epidemias de Zika, Dengue e Chikungunya não estariam ocorrendo com a intensidade e a frequência que estamos presenciando se houvesse sido estabelecida há vários anos uma política de saúde pública voltada para a correção da hipovitaminose D, com a utilização de doses corretas, muito superiores àquelas que são atualmente praticadas no Brasil”.

O Dr. Cicero Coimbra lembra que a deficiência de vitamina D é considerada atualmente uma pandemia mundial, que deixa o sistema imunológico enfraquecido e desregulado. “Assim, nosso sistema imunológico deixa de fazer o que deve – que é reagir com eficiência contra os microrganismos causadores de doenças – e faz o que não deve – atacar nosso próprio organismo, ocasionando doenças autoimunes como a síndrome de Guillain-Barré, diabetes do tipo 1, artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla, hepatite autoimune, cirrose biliar primária, espondilite anquilosante, miastenia gravis, psoríase, neurites ópticas e uveítes que podem levar à cegueira, e tantas outras.”

O neurologista esclarece que, por um lado, a substância evita que o sistema imunológico se volte contra o próprio organismo, provocando as chamadas doenças autoimunes. Por outro lado, a vitamina D eleva criticamente a potência do sistema imunológico no combate a qualquer micro-organismo invasor, como vírus, bactérias, fungos e protozoários, através da potencialização da eficiência da chamada “imunidade inata”, fenômeno adaptativo necessário à sobrevivência da espécie humana, incorporado à nossa estrutura genética e aperfeiçoado ao longo das gerações. Se assim não ocorresse sobreviveríamos poucas horas após o nascimento.

“A eficiência da imunidade inata é fortemente dependente da vitamina D”, afirma o Dr. Coimbra. “Fazem parte dela a atividade das células conhecidas como macrófagos, que fagocitam (literalmente ‘ingerem’ e destroem) os microrganismos invasores, e as proteínas conhecidas como ‘sistema complemento’. No Brasil, tal como ocorre em outros países, ensolarados ou não, pelo menos 80 a 85% das parturientes e seus recém-nascidos estão nascendo com deficiência/insuficiência de vitamina D, conforme indica pesquisa realizada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) que avaliou a deficiência/insuficiência de vitamina D em 226 mulheres e seus recém-nascidos naquele município de Minas Gerais, entre dezembro de 2011 e novembro de 2011.

A esse estudo se somam, segundo o especialista, uma serie de outras evidências que se referem ao papel da vitamina D em proteger o embrião/feto contra infecções contraídas pela gestante, encontradas em pesquisas de Universidades como de San Diego e Creighton, nos EUA, de Calgary e Alberta, no Canadá, e em vários trabalhos de organizações de pesquisa em saúde pública, como a GrassrootsHealth, dos EUA, e o Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán, do México, entre outros.

“Em face dos inúmeros estudos e publicações existentes sobre o assunto, não parece possível encontrar justificativa ética, técnica ou simplesmente lógica para negligenciar-se a importância da correção da deficiência da vitamina D em qualquer indivíduo em qualquer situação, mas especialmente em gestantes ou potenciais gestantes em uma época de crise grave de saúde pública em que se anuncia uma tragédia humanitária e social, com o nascimento talvez de mais de 1 milhão de crianças com microcefalia (e consequente grave e irreversível retardo mental) em meses ou anos, sem que haja um recurso terapêutico ou preventivo mais eficaz do que o simples (preventivo) combate aos criadouros de larvas do Aedes aegypti” , defende o especialista.

“É preciso lembrar que esse tem sido, ao longo de vários anos, o único recurso preventivo proposto para evitar as infecções por dengue transmitidas pelo mesmo mosquito e que, apesar disso, afetam ano a ano um número cada vez maior de indivíduos, atingindo o número recorde de 1 milhão e meio de casos em 2015 – um ano de estiagem, desfavorável aos criadouros de larvas do Aedes, que sucedeu a anos consecutivos de estiagem no Nordeste do Brasil.”

“Como não há tempo para o desenvolvimento de vacinas contra o Zika, a correção da insuficiência / deficiência de vitamina D impõe-se como medida inadiável. Aliás, manter-se a população deficiente em qualquer hormônio ou nutriente é indiscutível negligência, com consequências funestas para a saúde pública em geral, especialmente em época de epidemias com Zika, Dengue, Chikungunya e H1N1”, conclui o especialista.

 

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Sobre o ICAD Brazil 2016

O ICAD Brazil – Congresso Internacional de Dermatologia Estética e Envelhecimento Saudável será realizado nos dias 16, 17 e 18 de junho, no Centro de Exposições Frei Caneca, em São Paulo. O evento destinado a Médicos atuantes nas áreas da dermatologia estética, clínica e cirúrgica, e envelhecimento saudável está em sua terceira edição no país, e a programação deste ano prevê cerca de 200 palestras e mais de 20 workshops com renomados especialistas nacionais e internacionais.

O ICAD Brazil compõe um circuito internacional de eventos promovidos pela divisão EuroMediCom do Informa Group, baseada na França, organizadora de eventos médicos focados em dermatologia estética e envelhecimento saudável ao redor do mundo e realizadora do Aesthetic & Anti-aging Medicine World Congress (AMWC). Realizado anualmente em Mônaco, o AMWC está em sua 14º edição, o que confere credibilidade internacional e expertise ao evento no Brasil. Mais informações: www.informagroup.com.br/icad/pt

 

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